terça-feira, 20 de agosto de 2013

Sasha Grey passeia por SP: 'Brasileiros são apaixonados'

A norte-americana Sasha Grey, atriz pornô aposentada em 2011, está no Brasil para lançar o livro "Juliette Society" (Editora Leya), sua estreia como autora de ficção. Os direitos do livro já foram vendidos para a 20th Century Fox para um filme que será produzido pela Anonymous Content (mesma produtora de "Brilho eterno de uma mente sem lembranças") e dirigido por Scott Burns ("Contágio").
Durante sua passagem por São Paulo, a ex-estrela pornô conversou com o G1. Em uma van, Sasha fez um rápido tour pelo centro da capital paulista, na manhã desta terça-feira (20). Uma guia de turismo contou, em inglês, curiosidades sobre o Brasil. A atriz adorou saber que os brasileiros usam cuecas e calcinhas coloridas no Réveillon. Riu bastante ao saber que cueca amarela é usada por quem quer dinheiro. Disse, em tom de brincadeira, que pensa em lançar a "cueca amarela by Sasha Grey". "Vai ser um sucesso", disse.
"Já me falaram que a comida é ótima e as mulheres também. Parece que os brasileiros são apaixonados pelo que fazem. Espero que seja verdade. A primeira palavra que penso ao ouvir Brasil é música. Coleciono vinis e quero comprar discos no Brasil", declarou. Sasha disse que foi convidada para ser DJ em uma festa em São Paulo, mas resolveu não aceitar. Ela vai embora no sábado à noite, após passeio por bares do Rio, e deve discotecar em um bar do bairro da Lapa.
Sasha Grey, que já atuou como produtora, modelo e cantora, foi musa do cineasta Steven Soderbergh no filme independente "The girlfriend experience"; interpretou a si mesma na série de TV "Entourage" e tem sua própria banda, aTelecine. Seu nome artístico é uma homenagem a Sasha Konietzko, líder da banda alemã KMFDM, e Dorian Gray, o personagem criado por Oscar Wilde. Ela atuou em 270 filmes adultos entre 2006 e 2011.

Fonte: G1

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Sasha Grey: "Eu gostava de fazer pornografia"


PIONEIRA Sasha Grey em foto recente. Ela acredita que ajudou a mudar a postura das estrelas do pornô (Foto: Brooke Nipar/Contour by Getty Images)


Sasha Grey, ex-estrela da indústria pornográfica, tem algo em comum com seu conterrâneo Philip Roth. Ambos se irritam quando os críticos insistem em cotejar sua obra e sua biografia. “Meu livro é ficção”, afirma Sasha, de 25 anos, autora de Juliette Society (assim mesmo, em inglês), lançado no Brasil pela editora Leya. O livro navega na onda do erotismo feminino criada por Cinquenta tons de cinza. É mais picante e foi escrito com evidente conhecimento de causa. Sasha começou a fazer filmes pornográficos aos 18 anos, causou impacto com seu estilo impetuoso de atuação e, dois anos atrás, no auge, anunciou que tinha parado. Desde então, fez um filme cabeça com Steven Soderbergh, pontas em séries de TV e um livro de fotografias, além do romance satírico, que lançará pessoalmente no Brasil entre 19 e 25 de agosto.

ÉPOCA – Seu livro é fruto de experiência ou apenas ficção?
Sasha Grey –
 Você realmente acha que Bruce Willis é um superpolicial capaz de fazer todas aquelas coisas que ele faz em Duro de matar? Aquilo é ficção, assim como meu livro é ficção.
ÉPOCA – A senhora não usou sua experiência na indústria pornô para escrever?
Sasha –
 Obviamente usei algumas de minhas experiências na frente das câmeras, assim como as histórias que li e ouvi de outras pessoas, para construir os cenários sexuais do livro. Essencialmente é ficção, mas, se os leitores quiserem imaginar outra coisa, não me incomodo. Quero que gostem do livro e se divirtam.
ÉPOCA – Como seu livro se compara a Cinquenta tons de cinza?
Sasha –
 A maior diferença entre eles é que, em Juliette Society, a protagonista, Catherine, não é uma garota ingênua que não sabe nada sobre seu corpo ou sobre sexo. Ela é uma jovem mulher instruída, sexualmente competente, que ainda tem muito a aprender. Tem um namorado que ama, mas não vive num mundo super-romântico. Não procura um homem que vá ajudá-la a fazer tudo o que ela sempre sonhou. Catherine é uma mulher independente. Essa é a diferença mais importante entre os livros: o meu tem um personagem relacionado ao século XXI.

ÉPOCA – Seu personagem é mais feminista que a Anastasia de E.L. James?
Sasha –
 Não sou uma grande fã do termo feminismo. Ele esconde muitas coisas diferentes. Há feministas conservadoras, que consideram toda pornografia uma forma de estupro. E há feministas liberais, que fazem topless e lutam por liberdade. Catherine não é feminista, é independente. Ela não espera que os homens lhe tragam a vida numa bandeja. Para mim, isso é muito importante.
ÉPOCA – A senhora se considera alguma espécie de feminista?
Sasha –
 Me considero uma mulher positiva em relação ao sexo, que conseguiu poder sobre sua própria vida. Para mim, feminismo é uma palavra vazia. O feminismo liberal virou piada na imprensa, infelizmente. Mesmo que as pessoas tenham uma causa justa, a mídia faz parecer que estão apenas atrás de publicidade.
ÉPOCA – As feministas que consideram a pornografia uma forma de degradação feminina estão erradas?
Sasha –
 Discordo totalmente delas. Tenho minha própria experiência nesse assunto. Pornografia pode ser uma experiência positiva. É muito fácil julgar as pessoas que fazem escolhas diferentes, especialmente quando essas escolhas não são socialmente aceitáveis. Minha opinião sobre isso é muito simples: se você não gosta de algo, não veja. Ponto. Há causas mais importantes no mundo que banir a pornografia.
"Sempre fiz questão de estar
excitada antes de entrar em
cena, para me divertir"
ÉPOCA – Alain de Botton, um filósofo suíço, diz que nosso cérebro não está preparado para lidar com a excitação da pornografia, por isso afirma que ela deve ser controlada...
Sasha – 
Está errado. Em vez de tentar esconder as coisas, fazendo se tornarem ainda mais secretas e vergonhosas, deveríamos falar abertamente sobre elas. Quando os adolescentes começam a ter aulas de educação sexual na escola, deveríamos conversar com eles sobre a pornografia. Educá-los. Não quero dizer, evidentemente, que as garotas devam ser incentivadas a fazer no primeiro encontro aquilo que se faz nos filmes. A pornografia é a última fantasia da qual temos vergonha, porque tem a ver com a sexualidade. Temos escondido nossas fantasias sexuais por muito tempo. Não se pode fugir eternamente.
ÉPOCA – A senhora não concorda que certos filmes pornográficos são fortes demais para os jovens que navegam na internet?
Sasha – 
Sim, mas também acho que não adianta fugir do assunto e apenas dizer aos jovens que aquilo não presta. Os garotos descobrem a pornografia na internet com 12 ou 13 anos. Em vez de pu­ni-los, seria melhor se os ensinássemos que aquilo são fantasias e que eles não podem praticá-las com a primeira garota que encontrarem. É preciso achar a pessoa certa e conversar sobre o assunto. Ela precisa concordar. Não entendo por que a pornografia é a única forma de entretenimento que as pessoas acham que podem reproduzir sem consequências. Ninguém pensa o mesmo sobre filmes de aventura ou violência.

ÉPOCA – Algumas pessoas dizem que a senhora virou uma intelectual da pornografia...
Sasha –
 Acho isso engraçado. Quando decidi fazer pornografia, um de meus objetivos era desafiar o sistema e os estereótipos que ele criava das mulheres. Usei minha conta no Myspace para me comunicar com os fãs, dividir minhas histórias, falar sobre filmes, literatura e música. Não sei de outra mulher antes de mim que tenha usado a internet a favor dela dessa forma, para deixar de ser percebida apenas como uma gostosa de tempo integral, alguém que está sempre segurando um pedaço da anatomia masculina. Há muitos homens em Hollywood que são símbolos sexuais e são percebidos também como intelectuais, mas poucas mulheres.

ÉPOCA – A senhora acha que conseguiu mudar alguma coisa na indústria pornográfica?
Sasha –
 Certamente consegui. Planejei meus desempenhos para mudar a forma como as mulheres são percebidas. Se você prestar atenção às garotas que entram na indústria pornográfica agora, verá que são mais independentes. Elas têm sua própria personalidade. Não precisam parecer apenas um buraco para o prazer dos outros. Meus desempenhos diante das câmeras tiveram um papel nisso. Mostravam que as mulheres não tinham de sentar lá, passivamente, e aceitar tudo como uma cadelinha. Eu queria desafiar e instigar meus parceiros em cada cena – e fiz isso.

ÉPOCA – Por que a senhora teve tanto sucesso na indústria pornográfica?
Sasha – 
Falar disso faz com que eu pareça meio arrogante, mas vamos lá. O motivo é que eu tinha um plano. Usei a internet para me comunicar com meus fãs, para falar de coisas que nada tinham a ver com sexo, e isso me humanizou. Gosto de pornografia, mas a pornografia não era minha identidade. Se as pessoas me conhecem apenas pelos filmes, tudo bem, mas sempre fui mais que isso.

ÉPOCA – A senhora tinha poder sobre seus filmes?
Sasha –
 Quando ligavam para meu agente para agendar uma cena, perguntavam se eu aceitaria fazer aquilo que tinham em mente. Havia um acordo prévio. Antes de chegar ao estúdio, eu tinha de saber se haveria apenas um cara, ou se seriam um cara e uma garota, ou se haveria sexo anal. Tinha de me preparar antecipadamente. Uma vez no set, o diretor não fazia muita coisa. Basicamente, os atores decidem como querem fazer sexo e fazem. Então, respondendo a sua pergunta, eu tinha controle sobre o que fazia e sobre a forma como fazia. Algumas empresas pedem que você seja mais romântica e grite menos, mas, nesse caso, eu simplesmente ignorava e fazia do meu jeito.

ÉPOCA – Havia prazer físico ou era apenas outro dia de trabalho?
Sasha –
 É como um relacionamento novo. Nos primeiros seis meses é realmente excitante, mas um dia o relógio toca às 5 horas da manhã para uma filmagem, e tudo o que você quer é voltar a dormir. Eu ficava muito preocupada com isso. Não queria perder o gosto por sexo nem atuar só por obrigação. Não há nada pior do que gente que não gosta de sexo transando diante da câmera. Sempre fiz questão de estar fisicamente excitada antes de entrar em cena, para me divertir. Por isso me masturbava. Todo mundo sabe que, na indústria pornô, não há preliminares.

ÉPOCA – Recomendaria sua escolha a garotas de 18 anos?
Sasha –
 Não recomendaria ser dentista a uma garota de 18 anos. Não quero ditar o que as pessoas deveriam fazer ou não. Não estou aqui para ser líder ou bússola moral de ninguém. Se alguém acha o que fiz inspirador, bacana. Mas não faça o mesmo apenas porque alguém quer que faça ou porque deseja ser famosa. Faça pelas razões certas.
ÉPOCA – A indústria pornográfica tornou-a rica?
Sasha – 
Rica em caráter.
ÉPOCA – Arrepende-se por algo que fez profissionalmente?
Sasha –
 Não.

Fonte: Época